TEMPO
PASCAL
O que é?
Quanto
tempo dura?
“Nós somos cidadãos dos céus.
É de lá que ansiosamente
esperamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo, que transformará
o nosso corpo abatido,
tornando-o semelhante ao seu
corpo glorioso” (Fl 3, 20-21).
Por quê?
ANO XXII • ABRIL DE 2015 • Nº 206 [DISTRIBUIÇÃO GRATUITA]
Arquidiocese do Rio de Janeiro • Vicariato Sul • 1a Forania
Paróquia da Santíssima Trindade
FOLHA PAROQUIAL
Carmen Ottino
Pe. Francisco Sehnem, csj
áscoa, do hebraico Pessach, e do grego Πασχα,
significa passagem. É a maior e a mais importante
festa da Cristandade, quando se celebra a Ressurreição de Jesus Cristo.
A palavra Páscoa é mencionada pela primeira vez
quando Deus liberta os israelitas do poder do Faraó, no
Egito (Ex 12, 7-14). O sangue do cordeiro pascal, nas portas das casas dos hebreus, era um sinal de que eles não
seriam atingidos pela morte. A Páscoa deveria ser celebrada como um mandamento perpétuo, festejando a libertação de Israel do Egito.
No Novo Testamento o simbolismo muda, porque temos o Filho de Deus sendo sacrificado por nós. Ele é o Cordeiro da Páscoa e seu sacrifício vale por toda a eternidade.
Se tivermos pecado, mas nos arrependermos sinceramente,
o Sangue de Cristo será “usado” para nos limpar por completo. Seu sangue está sempre à disposição para todos os
arrependidos, e para sempre.
Para algumas pessoas, a Páscoa pertence ao mundo
do coelhinho da Páscoa e a reuniões familiares, sendo celebrada como uma combinação do secular com o sagrado. Mas
para nós, cristãos, o objetivo da Páscoa é celebrar a Paixão,
Morte e Ressurreição de Jesus. Compreender a Páscoa numa
perspectiva cristã é de vital importância, é crucial para os
que creem em Jesus Cristo. Paulo escreve aos filipenses:
“Nós somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que
transformará o nosso corpo abatido, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do seu poder
de sujeitar a si todas as coisas” (Fl 3, 20-21).
O primeiro registro da celebração da Páscoa está em
conexão com a visita de Policarpo (bispo de Esmirna) a
Aniceto (o bispo de Roma), em 154, a fim de chegarem a
um acordo sobre o tempo da Páscoa. Policarpo representava o costume mais antigo de observá-la com uma vigília,
terminando com a Santa Ceia, durante a noite do 14º dia do
mês de nisã (calendário judaico), como a Páscoa judaica,
independentemente do dia da semana. Aniceto representava
o costume romano de celebrar a Páscoa no domingo. Eles
não chegaram a um acordo e continuaram cada um com sua
prática. O problema se tornou tão grave que foram realizadas reuniões por volta do ano 190, e decidiram que a Páscoa
seria comemorada sempre no domingo. Em 314, o Concílio
de Arles sugeriu que o Bispo de Roma indicasse a data anual da festa para todas as igrejas. Mas foi no Concílio de
Niceia (325) que se estabeleceu uma data única para a festa da Páscoa. As demais práticas foram desaparecendo e a
legislação civil contribuiu para isso. Uma lei de 413 punia
com o exílio quem celebrasse a Páscoa fora da data estabelecida pela Igreja.
Hoje, nós celebramos a Páscoa durante 50 dias, iniciando no Domingo da Ressurreição e finalizando no domingo
anterior ao Dia de Pentecostes (50 dias após a Páscoa). A
primeira semana da Páscoa é chamada de oitava da Páscoa
e é celebrada como uma única grande celebração. Os domingos do Tempo Pascal são chamados Domingos da Páscoa e não mais Domingos depois da Páscoa. Esse Tempo é
o mais importante do Ano Litúrgico e todo o calendário cristão gira em torno da Páscoa.
Mas a celebração da Páscoa não se esgota no
tempo pascal. Páscoa é um novo dia que ainda dura.
No Evangelho (Lc 24), o dia da Páscoa é o mais longo do
ano. É um dia que não termina. É uma história que não
termina. Após a Ascensão de Jesus, sempre no mesmo
dia, os discípulos voltavam ao templo para bendizer a Deus
(Lc 24,52-53) . O que Lucas quer que compreendamos é
que a Páscoa é uma nova aventura, um novo dia para a
Igreja, que é sinal da presença do Ressuscitado através
dos seus discípulos, os cristãos de todos os tempos. Essa
aventura não termina; ela continua na Igreja de hoje. É
um dia novo que ainda dura... Nós estamos sempre no
domingo de Páscoa! E todos os domingos são uma cele*Pe. Francisco foi diretor da Casa Pe. Dehon, mestre de noviços no
Convento do Sagrado Coração de Jesus em Brusque (SC) e atualmente se dedica à pregação de retiros e a cursos de formação permanente.