Date a Home Magazine | Mar / Abr 2014 | Page 33

Lisboa

bpm's O Doctor B Explica | CRÓNICA

No campo da Psicologia, do qual me sinto confor-tável para falar, há estudos sobre os efeitos do ambiente na vida das pessoas, e vice-versa. Esses estudos abarcam desde aspetos genéticos como as neurociências da perceção, até fatores subjetivos como as características de personalidade subsidi-adas por formações inconscientes. Com efeito, surgiu, então, o tema do meu primeiro artigo nesta revista: ‘A Força do Inconsciente Na Escolha Da Nossa Casa’, ao qual darei seguimento no presente texto.

Uma vertente interessante desta temática, prende-se com os estudos no campo da Psicologia Ambi-ental, que se baseiam nos mecanismos evolutivos que favoreceram a constituição da espécie humana. Sabe-se hoje, por exemplo, que as sensações de conforto e felicidade são preponderantes na esco-lha da nossa casa de habitação. Neste momento estará naturalmente a pensar que não lhe estou a dar qualquer novidade. Tem razão. Mas e se eu lhe disser que essas mesmas sensações estão vincu-ladas aos instintos primários do Homem na sua luta pela sobrevivência? É verdade. De que forma? O Doctor B explica...

A procura de um refúgio já remonta à Idade pri-mitiva pois a sobrevivência dos nossos antepas-sados dependia da capacidade de encontrar lugares seguros, que fornecessem abrigo dos elementos naturais e também proteção contra os predadores. Nesta medida, tendemos a preferir lugares acolhe-dores, que nos deem a sensação de controle; de abrigo, de refúgio. Se reparar, as pessoas sentem-se instintivamente mais atraídas por casas com telhados ricos em variações na altura onde a água possa fluir sem repressões e por moradias de espaços compartimentados e privativos. Tanto é assim que a tendência dos ‘lofts’, por exemplo, por mais que tenha sido enaltecida pelos media especializados, não logrou tornar-se numa regra de primeira casa de habitação. Alguns arquitetos famosos, inclusivamente, como Frank Lloyd Wright, são mestres em criar habitações cheias de espaços com essa característica de “refúgio”. Os próprios materiais a serem utilizados atualmente, tais como a madeira e a pedra, são selecionados para promover precisamente a sensação de conforto e segurança.

Na próxima edição continuaremos a falar deste assunto tão palatável.

A imaginação matiza desde a origem os quadros que gostará de rever. Para ir

aos arquivos da memória, importa reencontrar, para além dos fatos, valores.

Gaston Bachelard

A FORÇA DO INCONSCIENTE

NA ESCOLHA DA NOSSA CASA

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