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MADEIRA

UM ROTEIRO NA

Da primeira vez que estive na Madeira, a sensação ao sair do aeroporto foi de estranheza. Era Novembro, uma hora e meia antes em Lisboa estava praticamente Inverno mas no Funchal fazia sol, o ar estava ameno e o mar extremamente calmo. Havia vegetação por todo o lado, encostas cobertas de verde com salpicos de casas pelo meio, grandes folhas de bananeiras e palmeiras agitadas pela brisa suave, um ambiente a fazer lembrar os trópicos. E no entanto os carros tinham matrícula portuguesa, as placas de sinalização e os letreiros estavam em português, a maioria das casas tinham a traça das nossas casas… Estava em Portugal, mas ao mesmo tempo parecia-me que não estava.

Com o passar dos dias e o avolumar do encantamento em que a ilha me foi enredando, essa sensação começou a desvanecer-se – talvez porque me habituei, ou talvez porque fui reconhecendo a alma portuguesa em tantos pequenos pormenores – mas nunca desapareceu por completo. Nem nesses dias, nem quando voltei para uma estadia maior, e decerto continuará presente quando lá regressar. A Madeira é uma dose de beleza concentrada em forma de ilha, onde a paisagem e o clima variam a cada meia dúzia de quilómetros, por vezes drasticamente: já saí do Funchal com um sol radioso para ir encontrar montículos de neve no Pico do Areeiro, já quase voei com a ventania na Ponta de São Lourenço, para depois encontrar uma tarde quente e calma em Santana, e precisar de vestir um casaco na frescura de Ribeiro Frio.

Apesar dos seus meros 740 km2, não se pense que é possível conhecer toda a ilha em dois ou três dias. É verdade que vamos do Funchal a Porto Moniz em 50 minutos, por oposição às 4 horas que a viagem demorava até finais do século passado. A construção de dezenas de túneis a partir dos anos 80 – até essa década os 28 túneis construídos somavam cerca de 5 km de extensão; actualmente atingem um total de 100 km, distribuídos pelo impressionante número de 180 túneis – deu tanto aos habitantes locais como aos visitantes a possibilidade de ignorarem a orografia acidentada da ilha e moverem-se de um lado para o outro com mais facilidade e maior rapidez. Mesmo assim, a Madeira tem demasiados pontos de interesse, demasiada beleza para ser vista a correr. Por isso, fica aqui uma sugestão de roteiro por alguns dos lugares imperdíveis desta ilha.

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por Ana CB

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