reia, praia, sol. Nuvens quase escassas, água gelada, água salgada e aquela sensação eterna de liberdade. Férias, a palavra mágica. Sempre férias. Vocês já pararam para pensar que sempre depositamos nossa empolgação na coitada da época?
Quando eu era criança, a melhor sensação era a de buscar o boletim. Meu pai ou minha mãe iam até a escola e eu esperava, sentada na varanda, com a expectativa mais alta que o pé direito de casa. Se eu passasse, viria a calma. Se ficasse de recuperação, viria o nervosismo. E como eu me conhecia, sabia que a segunda opção transformaria o pouco que eu teria de férias em frustração. Afinal, estudar era a última das opções.
E eles voltavam, mas sempre fazendo suspense. Meu pai levantava o boletim até que eu não alcançasse, o que não deu mais certo quando fui para o segundo grau. Minha mãe, no entanto, revelava o resultado só de me olhar. E quando eu descobria que tinha passado direto, quase chorava. Sim, me lembro bem. Mas lembro mesmo porque era a partir desse instante
Duas vias
A
que a minha vida, a única que conhecia fora da escola, começava. E era maravilhoso, porque eu não precisava de muito para me sentir feliz.
Hoje, me pergunto: por que a pressa? Por que, também, deixamos que sensações gostosas como a que eu tinha nas férias só apareçam quando tiramos as nossas? Às vezes, penso e concluo que é mais fácil levar a vida como quem é programado. Vocês sabem, acordar, trabalhar, trânsito. Diversão, de qualquer jeito, só mais tarde. Às vezes, penso melhor e entendo que não precisa ser assim, que não precisamos enxergar a rotina como algo obrigatório. É quando me sinto bem trabalhando e não vejo o trabalho como algo que preciso. É quando vejo o meu dia render porque não deixo a ideia da diversão de lado.
Areia, praia, sol. Nuvens quase escassas, água gelada, água salgada e aquela sensação eterna de liberdade. Férias, a palavra mágica. Férias, sim, com certeza. Mas vocês já pararam para pensar que a vida inteira é um período só?
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