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A GEOGRAFIA DO SUCESSO
Não é raro ouvir-se comentários
sobre o que pode ter sido – ou não – o
crescimento do número de adeptos do
FC Porto e da implantação territorial do
portismo nas décadas finais do século
XX e no princípio do novo milénio. Tratase,
normalmente, de observações que
não assentam em qualquer base sólida
de informação. Mas é possível conhecer
com algum rigor a evolução do quadro
sociodemográfico do clube entre 1977
e a atualidade, em parte graças à tese
de doutoramento que um geógrafo
francês dedicou ao Porto. E a evolução,
como não era difícil prever, é notável.
TEXTO: DIOGO FARIA
REVISTA DRAGÕES SETEMBRO 2020
O
vínculo muito estreito
entre o FC Porto
e a cidade onde
foi fundado é bem
evidente e está expresso no nome
que o grupo de António Nicolau
d’Almeida adotou em 1893. O caráter
regional da instituição também tem
origem nos primeiros tempos da
história do clube e tem expressão
máxima na criação, em 1910, da
Taça José Monteiro da Costa, uma
competição em que só podiam
participar grupos desportivos
do Norte do país, entendido
como todo o território acima de
Coimbra. Só que a verdade é que
esse “Norte”, na prática, cingiase
ao Porto, a Matosinhos e a
Coimbra. Qual seria e qual viria a
ser, então, a real área de influência
do crónico campeão nortenho?
Avançando até 1977, é possível
ter uma ideia aproximada da
distribuição geográfica do portismo,
tendo como base os dados relativos
à renumeração desse ano e
olhando em particular para o local
de residência dos associados. É
certo que é preciso ter em conta
que nem todos os adeptos azuis e
brancos eram sócios do FC Porto e
que a tendência para a não filiação
seria maior quanto mais afastados
se encontrassem esses portistas
da cidade do Porto – ainda mais
ontem do que hoje, assistir aos
jogos ao vivo era um dos principais